Autor deste blog, me chamo Amarildo Mayrink, moro
em Bicas – MG e sou proprietário do DEL
REY ano 90 1.8 Ghia azul que ilustra a segunda postagem aqui no blog. Foi justamente este carro que me levou a criar um novo espaço
destinado a preservar a história do Ford Del Rey, um dos mais belos, luxuosos e completos (para a
época) veículos já fabricados no Brasil.
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A história deste clássico da indústria
automobilística brasileira teve início no princípio dos anos 80. Diante
dos altos preços dos combustíveis no Brasil, vivíamos o fim da era dos carrões
de luxo, onde apenas o Opala Diplomata conseguiu resistir por mais alguns anos.
A Ford entendeu que era necessário lançar um novo modelo para substituir o
velho Landau V8, modelo-evolução dos LTD e Galaxie. Um carro que aliasse motor
econômico e porte de carro médio à beleza, ao luxo e ao conforto. Ela já
possuía no mercado o belo Corcel II, mas o modelo mais luxuoso, o LDO, ainda
não apresentava equipamentos de luxo e conforto exigidos por uma ainda grande
fatia do mercado dos carros de luxo.
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Neste cenário, aliando economia e
eficiência, a Ford lança em 1982, um dos mais belos e luxuosos carros
nacionais: o Del Rey. Externamente, ele nada mais era que um Corcel II até a
coluna central das portas, tendo como grande diferença sua grade frontal em
frisos verticais cromados e um novo desenho da lanterna de sinalização. Da
coluna central em diante, a equipe de projetos da Ford fez uma mudança
significativa em toda a parte traseira do veículo, que passou a apresentar um
corte radical na altura da coluna traseira, tendo sua tampa do porta-malas
praticamente na horizontal, dando um visual belíssimo, que lembrava alguns
modelos da Mercedes-benz da época, fazendo com que o Del Rey tivesse boa
visibilidade para todos os lados graças também aos seus grandes vidros. O Del
Rey Ghia era também um dos primeiros carros das grandes montadoras brasileiras
a sair de fábrica com um belo jogo de rodas de liga leve.
Na parte mecânica, começou com o velho
e econômico motor 1.6 de origem Renault, que já apresentava dificuldades para
empurrar o Corcel II e teve mais dificuldades ainda no caso do Del Rey, que
contava com equipamentos como direção hidráulica, ar-condicionado e
opcionalmente o câmbio automático. A mudança para o motor Ford CHT, também 1.6
não surtiu o efeito desejado, mas o bom e confortável Del Rey continuava a
agradar seu público cativo.
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Por
dentro, a grande transformação! A palavra “requinte”, marca registrada das
campanhas publicitárias do Del Rey, exprimia a mais pura verdade,
principalmente para a época de seu lançamento, com acabamento interno
extremamente refinado, bastante superior se comparado aos demais carros
nacionais, mesmo nos dias de hoje. Destacava-se também pelo baixíssimo nível de
ruído, graças à colocação de mantas fono-absorventes que envolviam todo o
habitáculo do carro. Ou seja, um carro requintado, bonito e silencioso, o Del
Rey Ghia – o top de linha - despertava furor quando passava.
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Painel belíssimo. À noite, iluminação indireta em tom azul, um de seus maiores atrativos. |
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O conforto era o principal cartão de visitas do Del Rey. |
O painel
surpreendia a todos com sua iluminação indireta – inédita para a época – com
suas luzes iluminando o painel mais completo dos carros nacionais num belíssimo
tom de azul, que iluminava uma grande quantidade de instrumentos. Era
velocímetro, conta-giros, medidores de temperatura e de pressão do óleo, marcador
de nível de combustível com luz de advertência quando entrava na reserva e oito
luzes de advertência muito bem posicionadas num painel de fácil leitura. Porém
o grande charme ficava com o relógio digital, também na cor azul, fixado no
teto, logo à frente do motorista, trazendo também luzes de leitura individuais
para motorista e acompanhante.
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O painel mais completo entre os carros nacionais da época. |
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Contorle remoto dos retrovisores externos. |
Além
de direção hidráulica e ar condicionado, o Del Rey Ghia contava também comando
elétrico dos vidros, desembaçador elétrico do vidro traseiro, trava elétrica
das portas através de comando na porta do motorista, cinto de segurança
retrátil e inercial de três pontos com sistema de alívio de tensão, para-brisa
laminado degradê e vidros climatizados. Com o passar dos anos, o Del Rey
tornou-se ainda mais completo com a adoção de controles elétricos de regulagem
dos retrovisores externos, encosto de cabeça nos bancos traseiros, direção
hidráulica, controle elétrico de abertura do porta-malas, brake light, luzes de
leitura individuais também para dois passageiros do banco traseiro dotado de um
confortável apoio central de braços. A qualidade e a padronagem da forração dos
bancos e da forração interna sempre foi de extremo bom gosto, característica
Ford.
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Interior extremamente confortável. |
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O charme do relógio digital, um luxo na época. |
Com
a criação da Autolatina – fusão da Ford com a Volkswagen – alguns carros da
Ford passaram a receber o motor Volkswagen AP 1.8, um motor mais moderno, com
93 cavalos e potência 30% maior que o antigo motor Ford CHT 1.6. A Partir de
1989 o Del Rey recebeu este motor e a mudança transformou o sedã de luxo da
Ford. O Del Rey tornou-se um carro ainda mais agradável de dirigir, aliando o
já tradicional conforto ao desempenho e à segurança, já que sua suspensão
recebera nova calibragem. As revistas especializadas da época mostravam em seus
testes que o novo Del Rey 1.8 alcançava os 160 kn/h e acelerava de 0 a 100 Km/h
em 14 seg.
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Motor AP 1.8, neste modelo 1990, a gasolina. |
Após quase dez anos de produção no Brasil, o
Ford Del Rey deixou de ser fabricado, sendo substituído pelo Versailles, na
verdade, um VW Santana maquiado de Ford.
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