sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

BELINA "ROTA DO ASFALTO" - UMA RESTAURAÇÃO FUNCIONAL - PARTE 2.

 


Estamos de volta para contar a vocês a evolução do processo de “Restauração Funcional” de nossa Belina Rota do Asfalto, lembrando que este trabalho prioriza a funcionalidade do veículo, deixando a estética (que acontecerá, certamente) para a etapa final.

Queremos acima de tudo, este carro restaurado com a máxima eficiência e principalmente segurança, uma vez que pretendemos ir a lugares incríveis com ele e compartilhar com vocês, mas antes disto, vamos a uma etapa que julgamos ser tão ou mais prazerosa do que as viagens propriamente ditas, esta etapa é a preparação do veículo e neste quesito, apesar da Belina Rota do Asfalto estar indo bem, ela ainda está só no começo de uma grande jornada que pretendemos relatar neste artigo.





Desta vez também tivemos muita gente apoiando nosso projeto com as peças de reposição e também todo o know-how que possuem dentro de suas especialidades, assim pudemos transferir todo este conhecimento para os que participaram de nossos treinamentos on-line.

Neste momento difícil que o mundo todo está passando, os participantes de nossos cursos sentem-se mais a vontade em receber as informações na segurança de seus lares. Esperamos que também vocês possam se sentir parte de tudo isto através da leitura deste artigo.

Iniciamos esta nova etapa com os sistemas elétricos e de ignição.

 



Tudo ia bem com a parte elétrica do carro, uma vez que ele havia passado recentemente por uma inspeção para a transferência dos documentos e antes de submetê-lo à avaliação fizemos todas as lâmpadas de faróis, lanternas e sinalização funcionarem corretamente, o que o fez passar no teste com louvor. Deixando de lado o orgulho da aprovação no teste, partimos para a remoção do grupo ótico dianteiro e traseiro para poder fazer a desmontagem, limpeza e substituição de tudo o que julgávamos defeituoso ou apenas suspeito.

Em seguida passamos para a revisão do alternador e motor de partida, estes os principais equipamentos elétricos para a garantia do bom funcionamento de qualquer veículo. Desmontagem, limpeza completa e troca de componentes desgastados foram as palavras de ordem.

Várias peças do alternador ainda poderiam cumprir perfeitamente o seu papel por muitos quilômetros, mas munidos de um pacote completo das principais peças de reposição enviadas pelo pessoal da Gauss, como regulador de tensão, rolamentos, placa de diodos e triodiodo, resolvemos trocar todas e guardar as usadas como reserva.

Em nosso curso, informações sobre grandezas elétricas e suas unidades, utilização de multímetros, etc foram apresentadas para uma compreensão das operações que surgiriam durante a avaliação do circuito elétrico da Belina. 

 


Na parte de ignição, o distribuidor que estava instalado incorretamente, com 180º defasado, foi removido, limpo, teve substituídos os componentes como tampa e rotor e reinstalado agora na posição correta.

Cabos e velas de ignição que pelo aspecto que se apresentavam não eram substituídos há muito tempo, deram lugar a um conjunto novo em folha, revigorando todo o sistema através de uma ignição muito mais eficiente, que pudemos comprovar através de uma partida surpreendente imediata para um motor movido a etanol.

Aqui houve uma pequena concessão à originalidade, em lugar do conjunto de velas com as especificações de fábrica, entrou um jogo de velas de quatro eletrodos importado, resultado de uma experiência bem sucedida em nosso Del Rey, que garante uma combustão muito mais eficiente e, consequentemente, performance e consumo otimizados, resultados que vão diretamente ao encontro da proposta do projeto.

 


Após terminada esta etapa, partimos para os sistemas de lubrificação e exaustão.

Óleo e filtro do motor foram trocados e detalhes como as especificações e características dos lubrificantes foram fartamente debatidos durante nosso treinamento, lembrando que sem dúvida o funcionamento e vida útil do motor estão diretamente relacionados a este assunto.

Chegamos ao sistema de exaustão e constatamos que apenas o silencioso estava perfurado pela oxidação, fato provocado não só pelo tempo de uso, mas pelo efeito devastador e corrosivo do combustível vegetal.

 


Economicamente pensamos apenas na troca deste componente, mas a turma da Mastra nos enviou um conjunto completo que tem origem no coletor e vai até a ponta do para-choque traseiro e mais uma vez guardamos as peças boas e ainda originais, mas desta vez iremos reservá-las ao nosso Del Rey, depois de uma boa limpeza e tratamento.

Gostaríamos de observar que a foto que inicia este artigo é apenas ilustrativa e em hipótese alguma devemos entrar debaixo de um carro apenas apoiado por um dispositivo hidráulico.

A etapa seguinte da restauração funcional foi reservada para uma das mais comprometidas da Belina Rota do Asfalto, o sistema de direção.

Quando a direção era esterçada, produzia um preocupante ruído que definitivamente impedia qualquer condutor responsável de se sentir seguro ao conduzir o veículo, por menor que fosse o trajeto.

A peça suspeita pela emissão do ruído era a caixa de direção, assim a desmontamos por completo durante o treinamento e constatamos uma folga excessiva entre os componentes.

Preocupados em não errar nesta importante etapa, uma das mais representativas quando o assunto é dirigibilidade e segurança, removemos a caixa de direção, coifas e terminais, restando no carro apenas o volante e a coluna de direção como parte do sistema.

Enquanto isto, o pessoal da Viemar, que já havia trazido até a nossa oficina os terminais, coifas e braços axiais, tentava localizar uma nova caixa de direção para completar o pacote, mas a localização não estava fácil nem para eles, em virtude da idade da Belina que já é demonstrada quando necessitamos de suas peças, mesmo nos balcões das grandes lojas do ramo.

Já conformados com o aproveitamento da peça, partimos para desmontagem da caixa de direção, operação facilitada pela simplicidade de seu sistema mecânico, e constatamos que uma boa limpeza e regulagem poderiam solucionar o problema.

 


Alguns dias se passaram e recebemos uma mensagem dizendo que eles haviam localizado uma caixa novinha. Esta foi a grande notícia da semana e mais uma vez a peça que saiu de nosso carro fazendo um barulho preocupante, mas agora limpa e regulada, foi para nosso estoque particular de peças originais em bom estado.

Depois de algum suor derrubado na oficina e algumas horas à frente da webcam com nossos alunos, tudo foi compensado pelo funcionamento cada vez melhor daquele carro que chegou surradinho às nossas mãos alguns meses atrás.

 


Nossos agradecimentos às empresas que apóiam o nosso projeto:

Gauss Ind. e Com. Ltda; Mastra Escapamentos e Catalisadores e Viemar Automotive.

De acordo com a evolução do projeto iremos atualizar as notícias sobre a trajetória da Belina Rota do Asfalto.

Quem quiser saber mais sobre os próximos treinamentos é só enviar um email para rotadoasfalto@outlook.com

 

Até breve

Wagner Coronado.


sábado, 27 de junho de 2020

A BELINA DE MONISA CLINI - HISTÓRIA DE UMA RESTAURAÇÃO.



Membro do Clube de Amantes do Del Rey e Linha Ford, nossa amiga Monisa Clini adquiriu uma Ford Belina ano 74 e em seguida deu início a uma grande reforma, história que passaremos a contar e a acompanhar aqui na página.


No dia 14 de abril, Monisa trouxe a primeira notícia da Belina através de sua página do facebook e nos grupos do Del Rey acompanhada das fotos:

“Finalmente chegou o dia de buscar minha Belina 74 amarela em Barretos SP. Essa é a minha linda "Dinossaura" que está chegando para fazer par com meu Corcel amarelo 74 idêntico a ela. E lógico que a minha Ratazana veio junto para acompanhar.
Esta Belina pertenceu a um engenheiro que a tirou zero. Ele viajou com ela para a Bahia na época e ficou lá por uns tempos. Após seu falecimento, a Belina ficou com a viúva que logo depois também faleceu. Aí a filha herdou e deixou a Belina parada lá em Barretos por muitos anos, abandonada num canto. Agora ela vai renascer comigo, dando início a uma bela restauração.” 





A desmontagem da Belina teve início em 16 de abril e no dia 17 Monisa postou em sua página:
“Segundo dia já que minha Dinossaura está sendo desmontada, para iniciar o processo árduo de restauração completa...” 
O texto veio acompanhado das fotos abaixo.



Em 1° de maio nova postagem e novas fotos:
“E a restauração da minha Belininha "Dinossaura " está fluindo bem... Em alguns meses ela estará em estado de zero.” 
O texto veio acompanhado de novas fotos apresentadas abaixo.







Em 18 de junho a restauração da “Dinossaura” estava assim:







Em 26 de junho teve início a pintura da “Dinossaura”:




quarta-feira, 17 de junho de 2020

BELINA "ROTA DO ASFALTO" - UMA RESTAURAÇÃO FUNCIONAL.



Quando se fala em “restauração de carro antigo”, as primeiras coisas que se imaginam é o garimpo de peças de acabamento, a eliminação da ferrugem da carroceria, raspagem completa da velha pintura e a aplicação de diversas demãos de tinta e verniz. A este tipo de trabalho, devemos chamar de “restauração estética”, o que muitas vezes é o suficiente para exibir o veículo antigo e até mesmo ter a possibilidade de ganhar um prêmio em algum badalado concurso.

Já a “restauração funcional”, visa a utilização do veículo como prioridade e por conseguinte, os trabalhos de restauração iniciam-se nos elementos mecânicos, muitas vezes invisíveis aos menos atentos, por isso, muitas vezes é renegada em prol dos olhares de admiração de uma grande parcela que não vê mais o carro antigo com o propósito pelo qual foi concebido: transportar pessoas com segurança e eficiência.

Em uma “restauração completa”, ou de “A” a “Z” como também é conhecida, deve ser dada a mesma atenção à restauração funcional que é dada à restauração estética, sendo que as duas podem até mesmo serem executadas simultaneamente.

Na Belina Rota do Asfalto, pretendemos chegar o mais próximo possível de uma restauração completa, mas em função do destino que visamos ao carro de realização de viagens de longa distância e provas de regularidade, muito mais interessante do que o friso certo no lugar certo, é ela nos transmitir segurança e acima de tudo confiabilidade, portanto a “restauração funcional” é a nossa prioridade.

Então, inicialmente vamos fazer o carro andar bem, certo?
Errado!!!
Inicialmente vamos fazer o carro parar bem e neste quesito a Belina Rota do Asfalto estava muito deficiente.
Na matéria anterior sobre a aquisição da Belina, havíamos dito que iriamos dar início a uma série de treinamentos “online” sobre sistemas mecânicos e a Belina seria nosso maior instrumento didático nesta atividade, sendo assim elaboramos e executamos nosso primeiro módulo intitulado “Sistemas de Freio”.
Tivemos a participação de 05 dedicados alunos das mais variadas profissões e localidades do Brasil que nos acompanharam de forma remota, apesar de alguns deles não terem resistido e vindo à nossa oficina para conhecer e até fazer um "test drive" com o sistema que ajudaram a restaurar.
Neste trabalho foram substituídos discos, pastilhas, flexíveis dianteiros e fluido de freio, além de limpeza e regulagem dos freios traseiros. É claro que não esquecemos de uma boa regulagem do freio de estacionamento.

Discos e pastilhas substituídos.

Avaliação de empenamento de disco com relógio comparador.

Limpeza e avaliação dos cubos de roda.


Acompanhamento remoto de todo o processo em curso “online”.



Atividade registrada em transmitida aos participantes.

Em um segundo módulo de oito horas foi executado o programa que chamamos de “Sistemas de Alimentação”, que envolveram informações desde o tanque de combustível com a sua retirada e limpeza, até a linha de combustível, que teve as mangueiras e abraçadeiras renovadas, assim como a substituição de filtros de combustível e ar. Um destaque especial foi reservado ao carburador, que teve seus componentes e juntas trocados por novos.

Informações transmitidas ao vivo sobre o sistema de alimentação da Belina e de outros veículos.


Remoção e limpeza do tanque de combustível.



Carburador limpo, revisado e regulado.


Componentes exibidos para uma perfeita compreensão dos participantes.

Alguns participantes não resistiram e vieram dar uma volta no carro que estão ajudando a trazer de volta à vida.

De acordo com a evolução do projeto iremos atualizar as notícias sobre a Restauração Funcional da Belina Rota do Asfalto.
Quem quiser saber como participar dos próximos módulos é só enviar um email para rotadoasfalto@outlook.com

Até breve
Wagner Coronado




quarta-feira, 6 de maio de 2020

BELINA "ROTA DO ASFALTO" - O DEL REY DO WAGNER CORONADO GANHOU UMA IRMÃ!


Depois de inúmeras viagens com nosso Del Rey, incluindo grande parte do Brasil e a travessia da América do Sul de leste a oeste, eu e meu filho Rapha retomamos uma ideia antiga: a compra de um carro para ser utilizado nos treinamentos de nosso projeto Rota do Asfalto (pesquise @rotadoasfalto no Instagram e Facebook) que previa sua inteira desmontagem e estudos de seus sistemas mecânicos.


Nosso Del Rey já pronto e com a pintura ainda reluzente.


Quem mais incentivou a compra foi minha esposa, o que ocasionou um grande impulso naquela ideia.
Estabelecemos, que após a conclusão da restauração, o carro deveria estar apto a participar de alguma modalidade esportiva, como trackday, corridas de endurance ou simplesmente ralis de regularidade. Queríamos que o carro fosse diferente do que se vê na maioria dessas modalidades, então pensamos, por que não um carro da família Del Rey, uma vez que temos farta experiência com este tipo de carro, temos várias peças, etc.
Tínhamos preferência por uma Belina, mas não descartamos o próprio Del Rey sedã, a Pampa e nem mesmo um Corcel.
A meta seria encontrar um carro barato, obviamente precisando de alguns reparos, mas que não estivesse acidentado ou totalmente oxidado, afinal pretendíamos desmontá-lo por completo, através de um curso que seria dividido em módulos como: suspensão, motor, transmissão, sistema elétrico, estrutura, pintura, tapeçaria, etc.
Na segunda-feira, dia 02 de março de 2020, iniciamos a procura e logo o Rapha localizou uma Belina, modelo L, do ano de 1988, azul em Itaquera, na cidade de São Paulo.
As fotos mostravam um carro com a pintura completamente desgastada e muito sujo.
Logo que chegamos fomos reconhecidos pelo dono, devido às nossas viagens com o Del Rey.
As fotos pelo menos não eram mentirosas, a Belina jazia no tempo em um apertado corredor ao lado da loja de auto peças de propriedade do dono, do pai e dos irmãos. A aparência era de um carro completamente abandonado em função de outros carros mais novos que também “dormiam” no tempo.


Foto feita no dia da avaliação para a compra.


Apesar de tudo, observamos uma carroceria com pouca oxidação, alinhada e nenhum vestígio de batidas. Olhamos por baixo e a estrutura estava muito boa, já a mecânica apresentava alguns vestígios de cansaço e o interior já desgastado. O hodômetro acusava 162.540 Km, muito pouco pela idade do carro.
Não costumamos acreditar muito no registro de hodômetros, mas tive a intuição de que a quilometragem era real. Apenas faltaram cuidados por todos aqueles anos.
O carro parecia ideal para o nosso propósito.


Pintura desgastada, mas uma estrutura muito boa e uma carroceria alinhada.


Fizemos uma proposta, recusada a princípio, mas já no dia seguinte recebemos um contato e acertamos o preço.
Fomos os dois com o Palio da minha filha, equipado com uma mala de ferramentas e algumas de peças sobressalentes (parte do arsenal do Del Rey) para garantir a volta para nossa oficina.
Depois de muita conversa, fizemos o pagamento, reconhecemos a assinatura no recibo de venda em um cartório da região e voltamos. Eu dirigindo a Belina e o Rapha o Palio.


Primeiro abastecimento com o “barato” etanol.


Descontando a imprecisão da caixa de direção, um ronco na segunda marcha e a suspensão de “geleia”, a Belina venceu bravamente os 50 Km de trajeto entre a zona Leste e a Oeste de São Paulo, onde moramos, enfrentando um trânsito medonho de final de tarde da Marginal do Tietê.
Excluindo que quase morreu por uma provável falha de carburação, ela trabalhou o tempo todo com a temperatura do motor dentro do normal, o que não é fácil para nenhum carro antigo, especialmente naquelas condições aparentes. Realmente o funcionamento dela nos surpreendeu positivamente.


Inspeção para transferência bem sucedida. Vantagem da compra de um carro com a documentação em ordem.


Dois dias depois já estávamos fazendo a inspeção para a transferência e dando entrada da documentação junto ao Detran.
 Aos poucos vamos atualizando aqui no Blog a recuperação da Belina Rota do Asfalto (agora com nome e sobrenome) que fará companhia ao nosso Del Rey.

Até breve

Wagner Coronado

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

UMA "GERAL" NOS FORROS DAS PORTAS.


Tive um sério problema com os forros de porta de meu Del Rey Ghia 1990!

O Eucatex interno da forração estava com vários furos literalmente se desfazendo devido à ação do tempo, à umidade, à não simples ação de tira-los e colocá-los de volta em tempo de manutenção dos trilhos-guia dos vidros e dos motores elétricos dos mesmos, enfim, a verdade é que as forrações estavam se soltando da porta deixando o Eucatex torto e quebrando ainda mais os furos das presilhas. Após procurar alguns serviços de capotaria para trocar o Eucatex das forrações de porta, a prestação de serviço foi recusada por todos.
Resolvi eu mesmo realizar o serviço, descobrindo que o almofadado interno da forração (que dá aquele belíssimo acabamento na linha do puxador da porta e da tela do alto-falante) é apenas colado por dentro do forro externo, sendo o mesmo prensado de fábrica (provavelmente a quente) no próprio Eucatex.
Executei o serviço soltando os grampos da forração aproveitando o Eucatex original. Apesar de alguns furos estarem em péssimo estado, encontrei uma solução cujo resultado ficou muito bom, colocando uma arruela fina de aço por dentro do Eucatex, entre este e o forro.
Passa-se a bucha/presilha pelo furo do Eucatex e coloca-se a arruela por dentro. Mesmo com o Eucatex quebrado em alguns furos ficou bem firme. Usei arruela utilizada na fixação de telhas de aço galvanizada. Elas são bem finas, mas resistentes e grandes.  

Encerrado os trabalhos, levei o Del Rey ao Encontro de carros Antigos de Mar de Espanha – MG, onde encontrei também um belíssimo exemplar do Ford Corcel I.

Veja o resultado nas fotos.