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quinta-feira, 1 de julho de 2021

BELINA "ROTA DO ASFALTO" - AS PRIMEIRAS VIAGENS.



Com vários itens revisados, pensamos em fazer os primeiros testes de estrada com a Belina. Não que ela não havia estado nas estradas depois que a adquirimos, afinal a Rodovia Raposo Tavares fica a 500 metros de nossa casa e já rodamos alguns quilômetros em testes a cada sistema que íamos renovando, mas achamos que já era hora de saber como ela se comportaria durante algumas centenas de quilômetros ininterruptos.

Sabíamos que apesar de sua melhor forma, ela ainda tinha uma suspensão cansada e pneus para lá de desgastados e com medidas diferentes entre eles.

Partimos para uma avaliação dos componentes mais comprometidos da suspensão e concluímos que os grandes causadores dos barulhos e imprecisão no controle direcional eram as bieletas e buchas de apoio da barra estabilizadora dianteira, itens que tínhamos em estoque e de rápida substituição.

O estado do par de bieletas que saiu da Belina era deplorável, com as borrachas quase que inexistentes. E o pior de tudo: uma delas apresentava sua haste na eminência de um rompimento provocado por uma instalação mal feita. O par foi direto para o acervo de “peças pé na cova”, que exibimos durante nossos cursos. 

Com relação aos pneus, tomamos emprestado o conjunto completo, incluindo as rodas de nosso Del Rey, que permaneceria parado durante este período de testes. Vantagens de se possuir dois carros da mesma família.

A missão da Belina seria uma pequena viagem até Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, distante 200 km da capital.

Como de costume, fizemos uma parada em um agradável ponto da Rodovia dos Tamoios, na cidade de Paraibuna, que reproduz o agradável ambiente de uma fazenda, com amplo espaço e repleto de animais. Um ótimo lugar para espairecer, esticar as pernas e tomar um café.




Poucos quilômetros de estrada depois e quase chegando à serra, um verdadeiro dilúvio que nos acompanhou até a chegada de Caraguatatuba, colocando à prova as qualidades de dirigibilidade, visibilidade e de vedação da Belina, que passou com louvor, quase nos fazendo esquecer que ainda havia muito o que melhorar em sua suspensão.

Poucos quilômetros adiante, já em São Sebastião, o sol nos brindou mais uma vez e assim embarcamos no ferryboat que faz a travessia até Ilhabela, sem filas e em primeiro lugar, vendo a Ilha se aproximar de dentro da Belina.



Aprovado com louvor em todo o caminho de ida, nosso bólido ficou estacionado no quintal de casa, esperando pelos próximos dias.

Na Ilha, pouco rodamos com a Belina, tudo é muito perto e a maior prova que ela passou foram as partidas sem hesitação, comprovando a eficiência de seus sistemas de ignição e alimentação.

Além de passarmos alguns dias de descanso na Ilha, nossa missão seriafazer a observação de seu comportamento e relatar em vídeos os sistemas revisados em nossos cursos. Estes vídeos seriam postados nos respectivos grupos de alunos sob os temas: freios, alimentação, direção, ignição, etc.



Todos eles em ambientes muito descontraídos, como a Praia da Pedra do Sino, que foi escolhida para relatarmos o comportamento dos novos componentes da ignição da Belina, mas também para relembrar conceitos discutidos durante o curso, como os efeitos da pressão atmosférica em regiões litorâneas sobre o comportamento do automóvel.

Uma grande questão é como a Belina se comportará na subida da serra da rodovia dos Tamoios em dias tão quentes quanto os que estamos tendo.

Como tudo que é bom termina logo, chegou o dia de voltar e decidimos que iríamos almoçar na estrada, portanto não havia necessidade de sairmos tão cedo, assim pegamos a balsa das 10h, com direito a uma parada em São Sebastião para uma visita à nossa livraria de costume. Quando íamos saindo com a Belina do estacionamento, um sujeito se aproximou pedindo para ajudarmos ele a fazer funcionar seu carro, um Santana Quantum.

O sujeito era um funcionário da prefeitura e havia esquecido os faróis do carro ligados durante algumas horas que consequentemente teve a bateria descarregada.

O curioso é que havia vários carros estacionados no mesmo local, todos muito mais novos do que a Belina e justamente foi a nós que ele recorreu, certamente por este único motivo. A impressão que tivemos é que ele ficou esperando o dono do carro contemporâneo ao dele.

Prontamente direcionamos a Belina com o cofre do motor o mais próximo possível e com os cabos de partida auxiliar, fizemos rapidamente o motor da Quantum funcionar.

Foi uma velha perua auxiliando a outra.

Após o funcionamento da Quantum, tomamos o rumo de São Paulo pela Rio/Santos em direção da rodovia dos Tamoios. O combustível que restava no tanque, teoricamente seria suficiente para chegarmos à nossa casa, mas como ainda não tínhamos a total certeza da autonomia da Belina, resolvi completar o tanque ainda em São Sebastião.

Tanque cheio, calculadora (quer dizer, celular) à mão e a média acusou bons 9,4 Km/l. Considerando o carro ser a álcool e termos rodado alguns quilômetros dentro da Ilha, ficamos contentes com o resultado.

Agora sim, seguros e abastecidos, seguimos pela Rio/Santos.

Atenção redobrada nas curvas, uma vez a suspensão ainda precisava ter muitos dos componentes substituídos, mas longe de uma situação de perigo eminente a Belina bravamente encarava a estrada, prematuramente com o asfalto desgastado pelo pouco tempo da ampliação de suas vias.

A subida da serra, pela rodovia dos Tamoios ou mesmo por outra estrada, sempre é um teste para qualquer carro, especialmente para os mais velhinhos como a Belina.

O maior risco, geralmente é o super-aquecimento, mas felizmente ficamos bem longe dele, com o ponteiro do termômetro com uma margem bem grande de uma marcação preocupante.

Para não dizer que a subida foi impecável para a velha perua, algumas pequenas falhas na rotação do motor surgiram uma vez ou outra, quando a rodovia ficava mais íngreme. Problema facilmente resolvido com uma providencial reduzida de marcha e consequente elevação da rotação do motor. Longe de nos preocupar, mas uma questão a ser resolvida.

A parada foi feita na hora do almoço, já no topo da serra e em outro restaurante de costume, onde dois suculentos bifes de filé mignon, acompanhados de batatas, arroz e salada foram devorados pelo casal.

Com os tanques cheios (carro, condutor e passageira), retomamos ao gostoso e digestivo ritmo da viagem, que duraria mais duas horas e meia até a entrada da cidade de São Paulo, que nos receberia com uma nova chuva torrencial para tirar a poeira dos dezesseis dias de viagem. 

Curiosos para saber como seria o funcionamento de todo o conjunto mecânico da Belina, agora em maiores altitudes, poucos dias depois da chegada de Ilhabela programamos uma nova viagem com destino ao Pico do Itapeva, no município de Pindamonhangaba.

Com altitude de 2.030 metros com relação ao nível do mar, a porta de entrada para o Pico do Itapeva, é a cidade de Campos do Jordão, conhecida como a Suíça Brasileira.



Foram muitas as vezes que estivemos em Campos do Jordão, tanto em viagens de bate e volta, como nas de vários dias de férias.

Foi subindo ao do Pico do Itapeva que avaliamos e aprovamos nosso Del Rey para as duas travessias da Cordilheira dos Andes que fizemos a alguns anos.

Agora com o propósito exclusivo de avaliarmos o carro, eu e o Rapha saímos bem cedo de SP para uma viagem de bate e volta, seguindo a direção da Serra da Mantiqueira, onde fica Campos do Jordão.



Em função da pandemia, todos os estabelecimentos estavam fechados, assim como depois veríamos os pontos comerciais e turísticos de Campos do Jordão.

O clima ameno nos deu uma folga para o calor intenso dos dias anteriores em Ilhabela e São Paulo. Enquanto mais subíamos, mais fresco ficava o tempo.



Só na entrada de Campos do Jordão a 1.800 m.de altitude encontramos um posto de combustível com sua loja de conveniência aberta, fizemos uma rápida parada e em seguida atravessamos a cidade até a Vila de Jaguaribe, onde saímos da avenida principal a caminho do Pico em um trajeto de mais 15 Km e outros 230 metros de altitude, totalizando os 2.030 metros acima do nível do mar.



Desde de 2014 a exploração do Pico do Itapeva privatizou-se através do estabelecimento de um parque que resume-se a uma plantação de lavanda, um café e obviamente o mirante que permite a vista de até 15 cidades do Vale do Paraíba, quando o tempo está bem aberto.



Havia dois motivos para no dia que estivemos lá o parque estar fechado, ser uma segunda-feira e o período de pandemia.

Ainda que estivesse aberto, não entraríamos, afinal nosso objetivo era avaliar o carro em altitude, além do que já havíamos estado inúmeras vezes naquele lugar, na época em que o acesso ao mirante era público, portanto passamos direto pelos portões e seguimos em frente na estrada, onde paramos por alguns instantes para admirar a vista que dentro do parque agora era feita mediante pagamento de uma taxa. Continuamos em frente por mais alguns metros até o antigo estacionamento que antigamente era rodeado de barraquinhas de ambulantes e que agora só dava acesso restrito à área de antenas de transmissão de rádio.

No estacionamento vazio, aproveitamos para gravar os vídeos descrevendo o comportamento dos sistemas de ignição, direção, exaustão e alimentação, que seriam enviados aos nossos alunos em uma espécie de aula à distância.



Permanecemos nesta atividade por mais ou menos uma hora e iniciamos a descida até Campos do Jordão.

Foi sem dúvida a passagem mais rápida que fizemos por esta agradável cidade, nem tanto pela nossa pressa, mas porque tudo estava fechado em função da fase vermelha da pandemia.

Atravessamos as vilas de Capivari, Jaguaribe e Abernéssia através da avenida principal, passamos pelo portal da cidade e começamos a descer a serra da Mantiqueira, momento ideal para gravar um novo vídeo a respeito do comportamento dos freios para nossos alunos.



Já na rodovia Carvalho Pinto, fizemos uma pequena parada para um lanche e com mais uma centena de quilômetros estaríamos passando pelo bairro de Itaquera, de onde trouxemos a Belina um ano antes. Neste dia da compra, o trajeto de 50 km's até nossa casa só não foi mais tenso porque o Rapha vinha logo atrás com o arsenal de peças e ferramentas que trazia em outro carro.

Hoje, passamos com este carro por este mesmo ponto, na certeza de que ele é capaz de cumprir muitos quilômetros com o funcionamento perfeito, apesar de reconhecer que ainda há muito o que fazer, como a revisão completa da suspensão, que teve apenas as peças mais comprometidas substituídas e os pneus, emprestados do Del Rey.

Marginais do Tietê e Pinheiros percorridas sem problemas em plena tarde de segunda-feira e já estávamos estacionando a Belina em nossa garagem com a satisfação de ser aprovada em mais um teste, desta vez há 2.030 metros de altitude.

E que venha a próxima!

Nossos agradecimentos às empresas que apoiam o nosso projeto:

Indústrias Arteb, Gauss Ind. e Com. Ltda; Mastra Escapamentos e Catalisadores e Viemar Automotive.

De acordo com a evolução do projeto iremos atualizar as notícias sobre a trajetória da Belina Rota do Asfalto.

Até breve

Wagner Coronado


sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

BELINA "ROTA DO ASFALTO" - UMA RESTAURAÇÃO FUNCIONAL - PARTE 2.

 


Estamos de volta para contar a vocês a evolução do processo de “Restauração Funcional” de nossa Belina Rota do Asfalto, lembrando que este trabalho prioriza a funcionalidade do veículo, deixando a estética (que acontecerá, certamente) para a etapa final.

Queremos acima de tudo, este carro restaurado com a máxima eficiência e principalmente segurança, uma vez que pretendemos ir a lugares incríveis com ele e compartilhar com vocês, mas antes disto, vamos a uma etapa que julgamos ser tão ou mais prazerosa do que as viagens propriamente ditas, esta etapa é a preparação do veículo e neste quesito, apesar da Belina Rota do Asfalto estar indo bem, ela ainda está só no começo de uma grande jornada que pretendemos relatar neste artigo.





Desta vez também tivemos muita gente apoiando nosso projeto com as peças de reposição e também todo o know-how que possuem dentro de suas especialidades, assim pudemos transferir todo este conhecimento para os que participaram de nossos treinamentos on-line.

Neste momento difícil que o mundo todo está passando, os participantes de nossos cursos sentem-se mais a vontade em receber as informações na segurança de seus lares. Esperamos que também vocês possam se sentir parte de tudo isto através da leitura deste artigo.

Iniciamos esta nova etapa com os sistemas elétricos e de ignição.

 



Tudo ia bem com a parte elétrica do carro, uma vez que ele havia passado recentemente por uma inspeção para a transferência dos documentos e antes de submetê-lo à avaliação fizemos todas as lâmpadas de faróis, lanternas e sinalização funcionarem corretamente, o que o fez passar no teste com louvor. Deixando de lado o orgulho da aprovação no teste, partimos para a remoção do grupo ótico dianteiro e traseiro para poder fazer a desmontagem, limpeza e substituição de tudo o que julgávamos defeituoso ou apenas suspeito.

Em seguida passamos para a revisão do alternador e motor de partida, estes os principais equipamentos elétricos para a garantia do bom funcionamento de qualquer veículo. Desmontagem, limpeza completa e troca de componentes desgastados foram as palavras de ordem.

Várias peças do alternador ainda poderiam cumprir perfeitamente o seu papel por muitos quilômetros, mas munidos de um pacote completo das principais peças de reposição enviadas pelo pessoal da Gauss, como regulador de tensão, rolamentos, placa de diodos e triodiodo, resolvemos trocar todas e guardar as usadas como reserva.

Em nosso curso, informações sobre grandezas elétricas e suas unidades, utilização de multímetros, etc foram apresentadas para uma compreensão das operações que surgiriam durante a avaliação do circuito elétrico da Belina. 

 


Na parte de ignição, o distribuidor que estava instalado incorretamente, com 180º defasado, foi removido, limpo, teve substituídos os componentes como tampa e rotor e reinstalado agora na posição correta.

Cabos e velas de ignição que pelo aspecto que se apresentavam não eram substituídos há muito tempo, deram lugar a um conjunto novo em folha, revigorando todo o sistema através de uma ignição muito mais eficiente, que pudemos comprovar através de uma partida surpreendente imediata para um motor movido a etanol.

Aqui houve uma pequena concessão à originalidade, em lugar do conjunto de velas com as especificações de fábrica, entrou um jogo de velas de quatro eletrodos importado, resultado de uma experiência bem sucedida em nosso Del Rey, que garante uma combustão muito mais eficiente e, consequentemente, performance e consumo otimizados, resultados que vão diretamente ao encontro da proposta do projeto.

 


Após terminada esta etapa, partimos para os sistemas de lubrificação e exaustão.

Óleo e filtro do motor foram trocados e detalhes como as especificações e características dos lubrificantes foram fartamente debatidos durante nosso treinamento, lembrando que sem dúvida o funcionamento e vida útil do motor estão diretamente relacionados a este assunto.

Chegamos ao sistema de exaustão e constatamos que apenas o silencioso estava perfurado pela oxidação, fato provocado não só pelo tempo de uso, mas pelo efeito devastador e corrosivo do combustível vegetal.

 


Economicamente pensamos apenas na troca deste componente, mas a turma da Mastra nos enviou um conjunto completo que tem origem no coletor e vai até a ponta do para-choque traseiro e mais uma vez guardamos as peças boas e ainda originais, mas desta vez iremos reservá-las ao nosso Del Rey, depois de uma boa limpeza e tratamento.

Gostaríamos de observar que a foto que inicia este artigo é apenas ilustrativa e em hipótese alguma devemos entrar debaixo de um carro apenas apoiado por um dispositivo hidráulico.

A etapa seguinte da restauração funcional foi reservada para uma das mais comprometidas da Belina Rota do Asfalto, o sistema de direção.

Quando a direção era esterçada, produzia um preocupante ruído que definitivamente impedia qualquer condutor responsável de se sentir seguro ao conduzir o veículo, por menor que fosse o trajeto.

A peça suspeita pela emissão do ruído era a caixa de direção, assim a desmontamos por completo durante o treinamento e constatamos uma folga excessiva entre os componentes.

Preocupados em não errar nesta importante etapa, uma das mais representativas quando o assunto é dirigibilidade e segurança, removemos a caixa de direção, coifas e terminais, restando no carro apenas o volante e a coluna de direção como parte do sistema.

Enquanto isto, o pessoal da Viemar, que já havia trazido até a nossa oficina os terminais, coifas e braços axiais, tentava localizar uma nova caixa de direção para completar o pacote, mas a localização não estava fácil nem para eles, em virtude da idade da Belina que já é demonstrada quando necessitamos de suas peças, mesmo nos balcões das grandes lojas do ramo.

Já conformados com o aproveitamento da peça, partimos para desmontagem da caixa de direção, operação facilitada pela simplicidade de seu sistema mecânico, e constatamos que uma boa limpeza e regulagem poderiam solucionar o problema.

 


Alguns dias se passaram e recebemos uma mensagem dizendo que eles haviam localizado uma caixa novinha. Esta foi a grande notícia da semana e mais uma vez a peça que saiu de nosso carro fazendo um barulho preocupante, mas agora limpa e regulada, foi para nosso estoque particular de peças originais em bom estado.

Depois de algum suor derrubado na oficina e algumas horas à frente da webcam com nossos alunos, tudo foi compensado pelo funcionamento cada vez melhor daquele carro que chegou surradinho às nossas mãos alguns meses atrás.

 


Nossos agradecimentos às empresas que apóiam o nosso projeto:

Gauss Ind. e Com. Ltda; Mastra Escapamentos e Catalisadores e Viemar Automotive.

De acordo com a evolução do projeto iremos atualizar as notícias sobre a trajetória da Belina Rota do Asfalto.

Quem quiser saber mais sobre os próximos treinamentos é só enviar um email para rotadoasfalto@outlook.com

 

Até breve

Wagner Coronado.


quarta-feira, 17 de junho de 2020

BELINA "ROTA DO ASFALTO" - UMA RESTAURAÇÃO FUNCIONAL.



Quando se fala em “restauração de carro antigo”, as primeiras coisas que se imaginam é o garimpo de peças de acabamento, a eliminação da ferrugem da carroceria, raspagem completa da velha pintura e a aplicação de diversas demãos de tinta e verniz. A este tipo de trabalho, devemos chamar de “restauração estética”, o que muitas vezes é o suficiente para exibir o veículo antigo e até mesmo ter a possibilidade de ganhar um prêmio em algum badalado concurso.

Já a “restauração funcional”, visa a utilização do veículo como prioridade e por conseguinte, os trabalhos de restauração iniciam-se nos elementos mecânicos, muitas vezes invisíveis aos menos atentos, por isso, muitas vezes é renegada em prol dos olhares de admiração de uma grande parcela que não vê mais o carro antigo com o propósito pelo qual foi concebido: transportar pessoas com segurança e eficiência.

Em uma “restauração completa”, ou de “A” a “Z” como também é conhecida, deve ser dada a mesma atenção à restauração funcional que é dada à restauração estética, sendo que as duas podem até mesmo serem executadas simultaneamente.

Na Belina Rota do Asfalto, pretendemos chegar o mais próximo possível de uma restauração completa, mas em função do destino que visamos ao carro de realização de viagens de longa distância e provas de regularidade, muito mais interessante do que o friso certo no lugar certo, é ela nos transmitir segurança e acima de tudo confiabilidade, portanto a “restauração funcional” é a nossa prioridade.

Então, inicialmente vamos fazer o carro andar bem, certo?
Errado!!!
Inicialmente vamos fazer o carro parar bem e neste quesito a Belina Rota do Asfalto estava muito deficiente.
Na matéria anterior sobre a aquisição da Belina, havíamos dito que iriamos dar início a uma série de treinamentos “online” sobre sistemas mecânicos e a Belina seria nosso maior instrumento didático nesta atividade, sendo assim elaboramos e executamos nosso primeiro módulo intitulado “Sistemas de Freio”.
Tivemos a participação de 05 dedicados alunos das mais variadas profissões e localidades do Brasil que nos acompanharam de forma remota, apesar de alguns deles não terem resistido e vindo à nossa oficina para conhecer e até fazer um "test drive" com o sistema que ajudaram a restaurar.
Neste trabalho foram substituídos discos, pastilhas, flexíveis dianteiros e fluido de freio, além de limpeza e regulagem dos freios traseiros. É claro que não esquecemos de uma boa regulagem do freio de estacionamento.

Discos e pastilhas substituídos.

Avaliação de empenamento de disco com relógio comparador.

Limpeza e avaliação dos cubos de roda.


Acompanhamento remoto de todo o processo em curso “online”.



Atividade registrada em transmitida aos participantes.

Em um segundo módulo de oito horas foi executado o programa que chamamos de “Sistemas de Alimentação”, que envolveram informações desde o tanque de combustível com a sua retirada e limpeza, até a linha de combustível, que teve as mangueiras e abraçadeiras renovadas, assim como a substituição de filtros de combustível e ar. Um destaque especial foi reservado ao carburador, que teve seus componentes e juntas trocados por novos.

Informações transmitidas ao vivo sobre o sistema de alimentação da Belina e de outros veículos.


Remoção e limpeza do tanque de combustível.



Carburador limpo, revisado e regulado.


Componentes exibidos para uma perfeita compreensão dos participantes.

Alguns participantes não resistiram e vieram dar uma volta no carro que estão ajudando a trazer de volta à vida.

De acordo com a evolução do projeto iremos atualizar as notícias sobre a Restauração Funcional da Belina Rota do Asfalto.
Quem quiser saber como participar dos próximos módulos é só enviar um email para rotadoasfalto@outlook.com

Até breve
Wagner Coronado




quarta-feira, 6 de maio de 2020

BELINA "ROTA DO ASFALTO" - O DEL REY DO WAGNER CORONADO GANHOU UMA IRMÃ!


Depois de inúmeras viagens com nosso Del Rey, incluindo grande parte do Brasil e a travessia da América do Sul de leste a oeste, eu e meu filho Rapha retomamos uma ideia antiga: a compra de um carro para ser utilizado nos treinamentos de nosso projeto Rota do Asfalto (pesquise @rotadoasfalto no Instagram e Facebook) que previa sua inteira desmontagem e estudos de seus sistemas mecânicos.


Nosso Del Rey já pronto e com a pintura ainda reluzente.


Quem mais incentivou a compra foi minha esposa, o que ocasionou um grande impulso naquela ideia.
Estabelecemos, que após a conclusão da restauração, o carro deveria estar apto a participar de alguma modalidade esportiva, como trackday, corridas de endurance ou simplesmente ralis de regularidade. Queríamos que o carro fosse diferente do que se vê na maioria dessas modalidades, então pensamos, por que não um carro da família Del Rey, uma vez que temos farta experiência com este tipo de carro, temos várias peças, etc.
Tínhamos preferência por uma Belina, mas não descartamos o próprio Del Rey sedã, a Pampa e nem mesmo um Corcel.
A meta seria encontrar um carro barato, obviamente precisando de alguns reparos, mas que não estivesse acidentado ou totalmente oxidado, afinal pretendíamos desmontá-lo por completo, através de um curso que seria dividido em módulos como: suspensão, motor, transmissão, sistema elétrico, estrutura, pintura, tapeçaria, etc.
Na segunda-feira, dia 02 de março de 2020, iniciamos a procura e logo o Rapha localizou uma Belina, modelo L, do ano de 1988, azul em Itaquera, na cidade de São Paulo.
As fotos mostravam um carro com a pintura completamente desgastada e muito sujo.
Logo que chegamos fomos reconhecidos pelo dono, devido às nossas viagens com o Del Rey.
As fotos pelo menos não eram mentirosas, a Belina jazia no tempo em um apertado corredor ao lado da loja de auto peças de propriedade do dono, do pai e dos irmãos. A aparência era de um carro completamente abandonado em função de outros carros mais novos que também “dormiam” no tempo.


Foto feita no dia da avaliação para a compra.


Apesar de tudo, observamos uma carroceria com pouca oxidação, alinhada e nenhum vestígio de batidas. Olhamos por baixo e a estrutura estava muito boa, já a mecânica apresentava alguns vestígios de cansaço e o interior já desgastado. O hodômetro acusava 162.540 Km, muito pouco pela idade do carro.
Não costumamos acreditar muito no registro de hodômetros, mas tive a intuição de que a quilometragem era real. Apenas faltaram cuidados por todos aqueles anos.
O carro parecia ideal para o nosso propósito.


Pintura desgastada, mas uma estrutura muito boa e uma carroceria alinhada.


Fizemos uma proposta, recusada a princípio, mas já no dia seguinte recebemos um contato e acertamos o preço.
Fomos os dois com o Palio da minha filha, equipado com uma mala de ferramentas e algumas de peças sobressalentes (parte do arsenal do Del Rey) para garantir a volta para nossa oficina.
Depois de muita conversa, fizemos o pagamento, reconhecemos a assinatura no recibo de venda em um cartório da região e voltamos. Eu dirigindo a Belina e o Rapha o Palio.


Primeiro abastecimento com o “barato” etanol.


Descontando a imprecisão da caixa de direção, um ronco na segunda marcha e a suspensão de “geleia”, a Belina venceu bravamente os 50 Km de trajeto entre a zona Leste e a Oeste de São Paulo, onde moramos, enfrentando um trânsito medonho de final de tarde da Marginal do Tietê.
Excluindo que quase morreu por uma provável falha de carburação, ela trabalhou o tempo todo com a temperatura do motor dentro do normal, o que não é fácil para nenhum carro antigo, especialmente naquelas condições aparentes. Realmente o funcionamento dela nos surpreendeu positivamente.


Inspeção para transferência bem sucedida. Vantagem da compra de um carro com a documentação em ordem.


Dois dias depois já estávamos fazendo a inspeção para a transferência e dando entrada da documentação junto ao Detran.
 Aos poucos vamos atualizando aqui no Blog a recuperação da Belina Rota do Asfalto (agora com nome e sobrenome) que fará companhia ao nosso Del Rey.

Até breve

Wagner Coronado